Os conflitos escolares, tendo em conta a conceptualização que vimos ao longo deste ano no MAGE, são situações que devemos encarar com naturalidade. O mapa conceptual que se segue permite-nos ver toda a abrangência desta temática.
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0B-rlHQBsgkx7N2Y5YzZkZWItOWRjZC00YTlkLTgwZWYtMDZlODllM2FhYTU2&hl=en_USDevemos estar preparados para remediarmos situações mais graves, com estratégias centradas nos alunos e nas relações interpessoais. Há propostas variadas desde a mediação entre pares à criação de gabinetes de gestão de conflitos. Alguns autores apresentam propostas alternativas, entre as quais destacamos:
· a proposta de Stevahn (2004) de um programa integrado no currículo escolar;
· a proposta de Heydenberk, Heydenberk e Baley (2003) de integração de um programa no currículo escolar;
· programas para jovens em risco baseados na teoria da vinculação;
· a proposta de Pianta (1999) de intervenção no sistema relacional;
· a proposta de Eccles & Roeser (1998) de um modelo com diferentes níveis de análise. (Costa & Matos, 2007, pp. 76-96)
Costa & Matos (2007) no seu livro “Abordagem sistémica do Conflito” apresentam uma proposta que me parece adequada para a adoção de uma estratégia preventiva, capaz de encarar os conflitos de forma natural e, assim, ter uma ação mais eficaz e também mais eficiente. Trata-se de uma abordagem sistémica proposta por Coleman e Deutsch (2001). No trabalho de grupo realizado, analisámos esta proposta através do V heurístico de Gowin (consultar no link que se segue), o que nos permitiu perceber melhor as potencialidades deste modelo de intervenção.
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0B-rlHQBsgkx7NDRhYzFkMGEtMmZkNS00OGMxLThhMWYtNmI1NDkzNmRiZTUy&hl=en_USEstes autores defendem cinco níveis de análise que traduzem “o reconhecimento da circularidade de influência” (Costa e Matos, 2007, p. 90) nos processos de conflito. De facto, a conflitualidade nas relações não é uma questão que se encontre limitada aos muros da escola. Os conflitos surgem fora da escola e a sua resolução violenta é muito influenciada pela forma como a sociedade em geral resolve as situações de conflito. Uma intervenção sistémica poderá inverter uma “espiral de violência” (Débarbieux, 2007) que muitas vezes se verifica nas escolas e fora delas. A proposta de Coleman e Deutsch investe em várias frentes: disciplina, currículo, pedagogia, cultura escolar e comunidade. Fazendo uma retrospetiva aos tempos de estudante, penso que as situações de conflito nas escolas não se alteraram assim tanto, no meio que eu melhor conheço. Contudo, sei que a diversidade da escola é fonte de divergências e, consequentemente de conflitos. Eric Debarbieux, professor de Ciências da Educação da Universidade de Bordéus, em França, e presidente do Observatório Internacional para a Violência Escolar numa entrevista ao jornal “Público”, em junho de 2008, afirma que estudos internacionais mostram que a violência na escola não está a aumentar. Mas refere também que “é preciso agir, não com medidas repressivas, mas pensadas a longo prazo”.
A intervenção ao nível da disciplina centra-se, essencialmente, na resolução dos conflitos através da mediação entre pares. Este tipo de estratégia apresenta muitas vantagens, mas requer um investimento na formação e na supervisão dos mediadores.
O segundo nível – o curriculum – é mais abrangente e pretende proporcionar uma melhor compreensão do conflito e da sua resolução pacífica. Os conteúdos relacionados com o conflito são trabalhados de uma forma aberta sem tabus, o que permite que com persistência e continuidade, os alunos aprendam a resolver os seus conflitos.
O terceiro nível – pedagogia – é também abrangente a toda a escola. Reconhece-se a importância de metodologias ativas com ênfase na cooperação e colaboração entre os diversos atores, em que a divergência de opiniões e a necessidade de consensos estão presentes. Favorecendo a interdependência, a interação, as competências interpessoais e a responsabilidade individual, a aprendizagem cooperativa dotará os alunos de ferramentas essenciais para a vivência e resolução de situações de conflito.
O nível da cultura escolar assume, para mim, uma importância primordial. Os valores da solidariedade, da democracia, da paz deveriam fazer parte do dia a dia da escola. Não basta ensinar a cidadania, é necessário viver a cidadania diariamente. Cada ator, na escola, deve ter a possibilidade de participar de forma ativa, sendo-lhe reconhecida importância na tomada de decisões.
Por fim, o nível da comunidade alargada. Cada vez mais, as parcerias e o trabalho em rede são reconhecidos como práticas positivas. A escola não consegue sozinha responder de forma eficaz a todas as funções que atualmente lhe são exigidas. A escola tem uma função social de relevo, mas tem que se abrir à sociedade, tem que procurar e permitir a colaboração das famílias e das instituições locais. A liderança da escola deve ser capaz de definir uma linha orientadora em que todos se reconheçam e de mobilizar os diversos atores para um caminho a percorrer.
Julgo que só uma intervenção sistémica poderá potenciar a aprendizagem de uma cultura de paz nas escolas e na sociedade. É necessário o envolvimento de todos para a inversão de uma escalada da resolução violenta dos conflitos. Estará a escola preparada para essa intervenção? Talvez não! São necessárias diversas mudanças e há uma grande necessidade de formação dos diversos agentes educativos. Contudo mesmo não estando reunidas todas as condições o caminho deve ser iniciado, dando o primeiro passo.
Referências Bibliográficas
Costa, E. e Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.
Debarbieux, E. (2007). Violência na Escola – Um desafio Mundial?. Horizontes Pedagógicos. Instituto Piaget. Lisboa.
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