Relações inter-pessoais

Relações inter-pessoais

Novo Acordo Ortográfico

O novo acordo ortográfico está em vigor. No entanto, ainda tenho algumas dificuldades em cumprir todos os preceitos. A partir de 17 de Abril, vou tentar escrever de forma adequada às novas regras. Vou tentar!!

domingo, 10 de julho de 2011

Abordagem sistémica do conflito

Os conflitos escolares, tendo em conta a conceptualização que vimos ao longo deste ano no MAGE, são situações que devemos encarar com naturalidade. O mapa conceptual que se segue permite-nos ver toda a abrangência desta temática.
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0B-rlHQBsgkx7N2Y5YzZkZWItOWRjZC00YTlkLTgwZWYtMDZlODllM2FhYTU2&hl=en_US

Devemos estar preparados para remediarmos situações mais graves, com estratégias centradas nos alunos e nas relações interpessoais. Há propostas variadas desde a mediação entre pares à criação de gabinetes de gestão de conflitos. Alguns autores apresentam propostas alternativas, entre as quais destacamos:
·         a proposta de Stevahn (2004) de um programa integrado no currículo escolar;
·         a proposta de Heydenberk, Heydenberk e Baley (2003) de integração de um programa no currículo escolar;
·         programas para jovens em risco baseados na teoria da vinculação;
·         a proposta de Pianta (1999) de intervenção no sistema relacional;
·         a proposta de Eccles & Roeser (1998) de um modelo com diferentes níveis de análise. (Costa & Matos, 2007, pp. 76-96)
Costa & Matos (2007) no seu livro “Abordagem sistémica  do Conflito” apresentam uma proposta que me parece adequada para a adoção de uma estratégia preventiva, capaz de encarar os conflitos de forma natural e, assim, ter uma ação mais eficaz e também mais eficiente. Trata-se de uma abordagem sistémica proposta por Coleman e Deutsch (2001). No trabalho de grupo realizado, analisámos esta proposta através do V heurístico de Gowin (consultar no link que se segue), o que nos permitiu perceber melhor as potencialidades deste modelo de intervenção.
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0B-rlHQBsgkx7NDRhYzFkMGEtMmZkNS00OGMxLThhMWYtNmI1NDkzNmRiZTUy&hl=en_US

Estes autores defendem cinco níveis de análise que traduzem “o reconhecimento da circularidade de influência” (Costa e Matos, 2007, p. 90) nos processos de conflito. De facto, a conflitualidade nas relações não é uma questão que se encontre limitada aos muros da escola. Os conflitos surgem fora da escola e a sua resolução violenta é muito influenciada pela forma como a sociedade em geral resolve as situações de conflito. Uma intervenção sistémica poderá inverter uma “espiral de violência” (Débarbieux, 2007) que muitas vezes se verifica nas escolas e fora delas. A proposta de Coleman e Deutsch investe em várias frentes: disciplina, currículo, pedagogia, cultura escolar e comunidade.  Fazendo uma retrospetiva aos tempos de estudante, penso que as situações de conflito nas escolas não se alteraram assim tanto, no meio que eu melhor conheço. Contudo, sei que a diversidade da escola é fonte de divergências e, consequentemente de conflitos. Eric Debarbieux, professor de Ciências da Educação da Universidade de Bordéus, em França, e presidente do Observatório Internacional para a Violência Escolar numa entrevista ao jornal “Público”, em junho de 2008, afirma que estudos internacionais mostram que a violência na escola não está a aumentar. Mas refere também que “é preciso agir, não com medidas repressivas, mas pensadas a longo prazo”.
A intervenção ao nível da disciplina centra-se, essencialmente, na resolução dos conflitos através da mediação entre pares. Este tipo de estratégia apresenta muitas vantagens, mas requer um investimento na formação e na supervisão dos mediadores.
O segundo nível – o curriculum – é mais abrangente e pretende proporcionar uma melhor compreensão do conflito e da sua resolução pacífica. Os conteúdos relacionados com o conflito são trabalhados de uma forma aberta sem tabus, o que permite que com persistência e continuidade, os alunos aprendam a resolver os seus conflitos.
O terceiro nível – pedagogia – é também abrangente a toda a escola. Reconhece-se a importância de metodologias ativas com ênfase na cooperação e colaboração entre os diversos atores, em que a divergência de opiniões e a necessidade de consensos estão presentes. Favorecendo a interdependência, a interação, as competências interpessoais e a responsabilidade individual, a aprendizagem cooperativa dotará os alunos de ferramentas essenciais para a vivência e resolução de situações de conflito.
O nível da cultura escolar assume, para mim, uma importância primordial. Os valores da solidariedade, da democracia, da paz deveriam fazer parte do dia a dia da escola. Não basta ensinar a cidadania, é necessário viver a cidadania diariamente. Cada ator, na escola, deve ter a possibilidade de participar de forma ativa, sendo-lhe reconhecida importância na tomada de decisões.
Por fim, o nível da comunidade alargada. Cada vez mais, as parcerias e o trabalho em rede são reconhecidos como práticas positivas.  A escola não consegue sozinha responder de forma eficaz a todas as funções que atualmente lhe são exigidas. A escola tem uma função social de relevo, mas tem que se abrir à sociedade, tem que procurar e permitir a colaboração das famílias e das instituições locais. A liderança da escola deve ser capaz de definir uma linha orientadora em que todos se reconheçam e de mobilizar os diversos atores para um caminho a percorrer.
Julgo que só uma intervenção sistémica poderá potenciar a aprendizagem de uma cultura de paz nas escolas e na sociedade. É necessário o envolvimento de todos para a inversão de uma escalada da resolução violenta dos conflitos. Estará a escola preparada para essa intervenção? Talvez não! São necessárias diversas mudanças e há uma grande necessidade de formação dos diversos agentes educativos. Contudo mesmo não estando reunidas todas as condições o caminho deve ser iniciado, dando o primeiro passo.

Referências Bibliográficas

Costa, E. e Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.
Debarbieux, E. (2007). Violência na Escola – Um desafio Mundial?. Horizontes Pedagógicos. Instituto Piaget. Lisboa.

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